Ibaneis atribui invasões de 8 de janeiro a ‘apagão geral’ da segurança e exime Anderson Torres de culpa | Política


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Após mais de dois meses afastado, Ibaneis Rocha (MDB-DF) retornou ao cargo de governador do Distrito Federal. O político havia sido afastado por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, após a ivansão das sedes dos três poderes. Em entrevista coletiva, Ibaneis atribuiu o ocorrido a um “apagão geral” e evitou culpar o ex-ministro Anderson Torres.

“O que aconteceu no 8 de janeiro na minha visão foi um apagão geral. No Palácio do Planalto, que tem um batalhão, houve um relaxamento e a Força Nacional também não atuou. Anderson Torres foi meu secretário e é uma pessoa que goza, gozava, de minha confiança. Na minha opinião, não foi culpa do Anderson”, afirmou Ibaneis.

Apesar de não individualizar o ocorrido na conduta de Anderson Torres, Ibaneis abriu seu pronunciamento agradecendo ter como Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal o delegado da Polícia Federal (PF), Sandro Avelar. O governador revelou que já havia convidado Avelar para o cargo e garantiu autonomia ao secretário.

De acordo Ibaneis, ao antigo secretário ele garantiu a mesma independência para tomar decisões na segurança pública do Distrito Federal. Por isso, segundo ele, confiou nas informações passadas pelo então titular do cargo, delegado Fernando de Sousa Oliveira, de que a situação estava controlada.

No dia anterior aos atos, o ministro da Justiça, Flavio Dino, entrou em contato com Ibaneis e externou sua preocupação com as manifestações no dia seguinte. Com a escalada golpista já em curso, a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, também contactaram Ibaneis.

“Sempre tratei com o delegado Fernando. Ele me passou que as coisas estavam tranquilas e eu repassei às pessoas que me contactaram. Eu tinha que acreditar no meu Secretário de Segurança“, afirmou o governador.

Ainda sobre Anderson Torres, Ibaneis classificou como grave a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro. “Quem tem que explicar isso é o Anderson. É um documento grave que revela que em algum momento alguém tentou dar um golpe no Brasil”, disse Ibaneis.

Apesar de creditar o ocorrido a uma “pane geral”, o governador disse compreender o afastamento determinado pelo ministro Alexandre de Moraes pela gravidade dos atos do dia 8 de janeiro.

“Temos que marcar o dia 8 de janeiro como algo muito significativo no Brasil. Quando eu fui afastado eu tomei um grande susto, mas eu entendi a decisão do ministro Alexandre de Moraes. Aquilo era o que tinha que ser feito pela defesa da democracia e eu sou um democrata”, afirmou Ibaneis.

Ibaneis foi afastado do cargo no dia seguinte aos atos golpistas na esplanada dos ministérios. Ontem, Moraes revogou a liminar que afastava Ibaneis com a justificativa que o retorno do executivo ao cargo não implicava em riscos às investigações.

“Não se vislumbra, atualmente, risco de que o retorno à função pública do investigado possa comprometer a presente investigação ou resultar na reiteração das infrações penais”, escreveu.

Moraes apontou que tanto o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto o relatório da Intervenção Federal no DF apontam nesse mesmo sentido. “Os relatórios de Análise da Polícia Judiciária não trazem indícios de que estaria buscando obstaculizar ou prejudicar os trabalhos investigativos, ou mesmo destruindo evidências”.

Apesar de autorizar o retorno de Ibaneis, Moraes observou que o inquérito contra Ibaneis “seguirá seu curso regular”, com a realização de diligências pela Polícia Federal (PF). Sobre isso, o governador garantiu que continuará colaborando com as investigações.

“O inquérito ainda não acabou. Tive busca e apreensão no meu escritório, na minha casa. Fui voluntariamente prestar depoimento à PF. Após as buscas, em que não estava em Brasília, entreguei meus celulares a PF”, disse o governador.

No tempo em que Ibaneis esteve afastado, o governo do DF foi exercido por Celina Leão (PP-DF). A agora novamente vice-governadora é aliada de primeira hora do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Enquanto esteve à frente do cargo, Celina sempre defendeu o retorno do governador alegando diversas vezes que ele “agiu de boa fé”. De volta, Ibaneis elogiou a condução do governo por parte da vice.

O governador afirmou que buscará trabalhar em parceria com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e citou a boa relação com os ex-governadores e hoje ministros, Rui Costa (Casa Civil), Camilo Santana (Educação) e Flavio Dino (Justiça). Ibaneis também agradeceu a Câmara Legislativa do Distrito Federal, destacando o deputado Chico Vigilante (PT-DF), que preside a CPI local para investigar os atos do dia 8. O deputado petista não acredita numa convocação de Ibaneis e diz que o foco da comissão é chegar nos financiadores.

Ibaneis Rocha — Foto: Denio Simões/Valor



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